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Filarmónica Recreativa Cortense

Filarmónica Recreativa Cortense

Cortes do Meio, Concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

FILARMÓNICA CORTENSE EM DESTAQUE NO DIÁRIO XXI - 7/11/2008

Associação comemora o seu 109º aniversário

Banda Cortense quer sede social terminada

As obras iniciaram-se há quatro anos, mas tiveram de ser paradas por falta de financiamento. Apenas um piso está concluído

Liliana Machadinha



A banda Filarmónica Recreativa Cortense (FRC), de Cortes do Meio (Covilhã), faz na próxima terça-feira 109 anos de existência. A festa está marcada para o fim-de-semana seguinte, 14, 15 e 16, e o melhor presente que a colectividade poderia receber era financiamento para terminar a sede social. 'Era o nosso sonho', adianta Alexandre barata, vice-presidente da filarmónica, acrescentando que falta metade do dinheiro para concluir a obra.
Trata-se de uma obra importante para os elementos da FRC, até porque é vista como 'o salto para o desenvolvimento e crescimento', da colectividade. 'Com uma sede própria e com condições as pessoas podem aderir mais à banda e mesmo para os próprios membros se sentirem mais incentivados', auspicia Alexandre Barata. Este projecto, orçado em 200 mil euros, deveria ter recebido o apoio 100 mil euros de duas entidades e a outra metade ficaria sob a responsabilidade da FRC. Contou com um apoio da ADERES- Associação de Desenvolvimento Rural Estrela-Sul, de 50 mil euros, porque 'o outro compromisso não chegou a ser cumprido', queixa-se o dirigente. Segundo recorda, antes das últimas eleições, o então candidato à Câmara Carlos Pinto - que viria a vencer a autarquia - fez a promessa de contribuir com 50 mil euros para as obras, mas 'não cumpriu',
Entretanto, com metade do orçamento assegurado, a construção foi iniciada, há cerca de quatro anos, mas teve de ser parada há três por falta de financiamento. 'Recebemos logo o dinheiro da ADERES, mas como esperávamos a outra parte da Câmara decidimos pedir um empréstimo ao banco para as obras não pararem. Tiveram de parar na mesma, porque a Câmara não nos deu o que prometeu e ficámos com o empréstimo para pagar', justifica. Uma situação que os deixa 'aflitos', e obriga 'a muita ginástica orçamental', nalguns meses, tendo mesmo alguns elementos de dar dinheiro 'do nosso bolso', para pagar a mensalidade ao banco, garante. 'O que vale é que a ADERES ajuda-nos muito, a Junta também e a população', conta. Para além disso, 'todo o dinheiro das actuações e das actividades da aldeia é para pagar o empréstimo', Pelas contas do vice-presidente, a dívida será paga 'dentro de um ano e tal', sendo que por mês a FRC paga ao banco cerca de 1.300 euros.

O PROJECTO DA SEDE
O piso térreo, onde se situa o salão multiusos, está terminado e é onde a festa de aniversário da banda será feita. Mas os dois pisos superiores só têm 'as paredes e o telhado, nem divisões têm', lamenta. No segundo andar, ficarão situadas as salas de ensaio e de convívio, anfiteatro e biblioteca e no terceiro é destinado à administração, com a sala da direcção e de reuniões.

TRÊS DIAS DE FESTA
Para festejar o 109º aniversário a direcção preparou três dias de festa, que começam na sexta-feira, 14, e termina domingo, 16, sendo este o 'dia mais forte', Na sexta-feira, há comemorações pela noite dentro com karaoke e animação musical. No sábado, o bar da banda abre à tarde, assim como a tasca dos shots, que preparam o aquecimento para o convívio com 'Amigos da Terra', até de madrugada. Domingo, último dia dos festejos, as actividades começam de manhã, às 10h00, com uma eucarístia que será acompanhada pela Filarmónica Recreativa Cortense. Ao meio-dia, actua a banda aniversariante, seguindo-se, uma hora mais tarde, o almoço convívio de aniversário para o qual foram convidadas várias entidades municipais, como as oito bandas no concelho, Junta de Freguesia local e Câmara da Covilhã, entre outras.

 

Alexandre Barata lamenta

'Jovens não se interessam pela banda',

A filarmónica foi fundada em 1899 por um grupo de pessoas da terra, chefiado pelo pároco Joaquim da Silva Gonçalves





A Filarmónica Recreativa Cortense foi fundada a 11 de Novembro de 1899 por um grupo de populares da nossa terra, chefiado pelo pároco Joaquim da Silva Gonçalves. Conta-se que 'foi a tocar um clarinete pelas ruas chamando parte da população a juntar-se a si', Sem fundo de maneio e 'apenas com a sua carolice', algumas dessas pessoas venderam parte dos rebanhos para conseguirem comprar instrumentos e formar músicos. Até à década de 70 do século passado, cresceu e não parou as actividades. Mas a busca de uma vida melhor noutros países cativou muitos dos elementos, levando ao término da banda. Mas, e 'porque o bairrismo imperou', mais uma vez alguns populares se juntaram, tomando Júlio Ramos Barata a liderança do projecto e dando-lhe novamente vida. Recomeçou as actividades em 1977. Uma personalidade que mereceu o reconhecimento dos restantes membros da Filarmónica, que o elevaram a presidente honorário. Júlio Barata foi também o responsável por em 1996 transformar a colectividade numa associação legalizada.

BANDA É UMA ASSOCIAÇÃO JUVENIL
A FRC é uma associação juvenil, integrada no programa do Instituto Português da Juventude RNAJ. Como tal, 75 por cento dos elementos dos órgãos sociais têm menos de 25 anos. Mas ainda assim, o dirigente queixa-se que 'os jovens não se interessam pela banda. Os adolescentes ninguém os convence e por isso temos de tentar os mais novos, começar a trabalhar com eles a partir dos 8 anos, mas também não há assim tantas crianças', conta. 'Há muitos jovens na terra, mas nem metade deles pertence à filarmónica e não sei porquê', lamenta. Mas 'talvez seja a falta de incentivo para integrar uma associação, ou não termos uma sede com condições ou outros passatempos mais interessantes como as consolas ou computadores', adianta. 'Talvez a nova sede e as valências que apresentamos os convença', auspicia.
A Filarmónica Recreativa Cortense é composta por 32 elementos, sem contar com os alunos da escolinha, de várias faixas etárias, entre os 50 e os 13 anos. É composta por: três saxofones altos, dois tenores e um soprano, sete clarinetes, quatro trompetes, uma flauta, duas requintas, um flautim, um bombo, duas caixas, pratos, dois bombardinos, dois contrabaixos, uma tuba, uma trompa e um trombone.

ENSINO GRATUITO NA ESCOLA DE MÚSICA
Segundo Alexandre Barata, todos os elementos da banda tiveram alguma formação na escolinha de música da FRC, que actualmente ensina oito crianças oriundas das Cortes do Meio e da Bouça, uma anexa desta freguesia. Começaram as aulas a meio deste ano, 'um pouco mais tarde do que é habitual', e por isso 'não podem tocar com a banda na festa do aniversário', Mas 'possivelmente na Páscoa já terão aprendido o suficiente para integrarem as actuações com o resto da banda',
A escolinha é um dos orgulhos dos elementos da FRC, garante o vice-presidente. Isto porque o ensino é inteiramente gratuito. 'Aqui ninguém paga nada, nem mesmo quotas. Por isso, não vamos pedir às crianças dinheiro para virem aprender música, uma actividade que todas as pessoas deveriam ter acesso', realça.
É também a banda que compra e cede os instrumentos aos membros da FRC, assim como é a responsável pela sua manutenção. 'Sai muito caro e um instrumento que passa dias ao sol e às vezes à chuva estraga-se facilmente', queixa-se. E como todo o dinheiro que entra na banda é direccionado para pagar o empréstimo, há dois instrumentos parados, um trompete e um saxofone tenor, porque 'não há verba para os mandar arranjar',
Apesar dos problemas, 'é o convívio e a amizade entre todos a nossa melhor qualidade. A boa disposição é tanta que se espalha a quem nos vê de tal maneira que em muitos sítios nem nos querem deixar vir embora e pedem uma música e mais outra e outra', graceja.