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Filarmónica Recreativa Cortense

Filarmónica Recreativa Cortense

Cortes do Meio, Concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

ENTREVISTA AO PRESIDENTE HONORÁRIO DA FILARMÓNICA R. CORTENSE - JÚLIO RAMOS BARATA

  

A Clave: Não sendo músico, nem tendo aparentemente nenhuma relação à música o que o motivou a levantar este projecto?

Júlio Ramos Barata: “Sempre estive ligado à minha terra onde tenho amigos e toda a família. Numa conversa com amigos onde estava um ex-músico que tinha feito parte da antiga banda, onde o meu pai também pertencia quando esta terminou na década de 50, põe-se a possibilidade de fazer renascer a banda. Pensei em contactar pessoas das Cortes para arranjarmos uma comissão para a nova banda. No Domingo seguinte, no final da missa, o padre fez um apelo a meu pedido para quem estivesse interessado em fazer parte dessa comissão comparecer junto ao antigo ensaio da banda.”

 

A Clave: Encarou este projecto apenas como a continuação de um projecto familiar ou havia algo mais que o motivava?

J. R. B.: “A parte familiar foi de facto de grande importância, o meu pai ainda vivo, ficou bastante feliz com o arrancar de um projecto do qual ele já tinha feito parte. À parte disso, como já disse, sempre estive muito ligado à “gente” das Cortes onde tenho grandes amigos, a minha família e família da minha mulher.”

 

A Clave: Sabemos que quando iniciou o projecto da banda já não era habitante das Cortes do Meio. Renascer a banda foi uma tentativa de se manter ligada à terra ou de fazer conhecer a sua terra aos outros?

J. R. B.: “O que me motivou para o renascer da banda foi tentar mostrar ao povo das Cortes que, apesar de 20 anos parada, a banda podia continuar e mostrar aos outros o que a nossa terra tem de bom.”

 

A Clave: Como é que se desenvolveu o renascer deste projecto?

J. R. B.: “Instaurou-se então a comissão organizadora da banda com 4 membros, eu e mais três pessoas, sem que nenhum de nós fosse musico. Começamos por recuperar o instrumental, encontrar um novo maestro e com os músicos antigos arrancámos, com cerca de 15 elementos. Foi criada a escola de música com o maestro Valente da Erada. Ao fim de dois anos de aprendizagem tínhamos 35 elementos e assim se começou a actuar, sobretudo em festas religiosas. Conseguimos a partir dai a fazer face às despesas iniciais e tentar equilibrar as nossas contas.”

 

A Clave: No contexto social e cultural actual diga quais as vantagens da existência destes projectos.

J. R. B.: “Na terra não existia nenhum passatempo para entreter os jovens, tentamos então cativar esses jovens para o gosto pela música. Do ponto de vista social permite que classes de idades diferentes, convivam entre eles. É uma aprendizagem conjunta não só de música mas também, de experiências de vida, é como que uma escola para a vida.”

 

A Clave: Pensou alguma vez desistir do projecto da banda? O que o motivou a tomar essa atitude?

J. R. B.: “Cheguei ainda a desistir. Para além da distância, pois vivia na Covilhã, também prejudicava a minha vida familiar, porque dispendia muito tempo para tratar os problemas da banda. No entanto, quando deixei a banda tinha já 35 elementos, fardamento novo e instrumental capaz de satisfazer a banda. Depois de algum tempo fui novamente convidado por elementos direcção da altura a regressar dizendo que fazia falta para o bom funcionamento da banda.”

 

A Clave: O cargo de presidente implica tomada de decisões que, nem sempre são fáceis de tomar. Qual a decisão mais difícil nestes anos de presidência?

J. R. B.: “A decisão mais difícil foi a criação de uma nova sede para a banda. Saber onde havia de arranjar meios para a sua execução. No entanto, a confiança que sempre tive nos músicos e pessoal da direcção fez com que após uma conversa que tive com todos eles seguisse em frente com o projecto.”

 

A Clave: Como se sabe os nossos músicos e corpos gerentes não são remunerados. Como conseguiu motivar os seus músicos e incentivar a entrada de novos elementos?

J. R. B.: “Como todas as bandas, sobrevivemos exclusivamente daquilo que se ganha nas deslocações. Sendo os apoios estatais reduzidos tivemos que fazer ver aos jovens músicos que o ser membro da banda tinha de ser por amor à música e mostrar às terras por onde passavam o valor que a banda das Cortes tem.”

 

A Clave: A nova sede da banda assenta em ideias bem definidas. Como representante máximo da banda fale-nos do objectivo dessa criação?

J. R. B.: “A criação da nova sede foi sempre um dos principais objectivos desde há muitos anos e é esse o motivo que me fez estar ainda ligado à banda, foi um compromisso que tomei para poder dar melhores condições aos nossos jovens. Para além da música pretende-se também criar uma biblioteca e um bar com sala para jogos onde os jovens da terra pudessem conviver num espaço multivariado.”

 

A Clave: A construção da nova sede encontra-se neste momento parada. Do ponto de vista financeiro como se desenvolveu o projecto?

J. R. B.: “Com a ideia já firme de fazermos a nova sede, faltava-nos o terreno para a construção, depois de o adquirirmos pensamos no projecto e financiamento para a mesma. Graças à ADERES que nos garantiu elaborar o projecto de arquitetura e uma comparticipação monetária para o arranque das obras, com um projecto no valor de 100.000,00 €, cofinanciado a 55% pelo programa Leader. Para além dessa comparticipação a banda teve de recorrer à banca com um empréstimo de 50.000,00€ (do qual ainda está a ser paga todos os meses uma mensalidade, por vezes com muito aperto de tesouraria) para fazer face à percentagem por nós suportada e utilizou cerca de 25.000,00€ arrecadados nas deslocações da banda.”

 

A Clave: O que mais ambiciona para a banda no curto/médio prazo?

J. R. B.: “A minha maior ambição é que o maestro não desista dos seus projectos, assim como, todos os músicos, adultos e jovens, se mantenham na banda para conseguirmos realizar o projecto da nova sede. Só com a ajuda de todos vamos conseguir.”

 

MENSAGEM FINAL:

J. R. B.:“Queria aproveitar a oportunidade para agradecer a vários amigos que me têm dado muito apoio para continuar à frente da banda. A todos um grande abraço.

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