Boom Festival reforça plano de segurança e previne incêndios
De regresso à margem direita da Albufeira de Idanha-a-Nova entre 22 e 29 de julho
“Não se trata de eliminar os riscos, mas de mitigá-los. Os riscos vão sempre estar presentes.”
Miguel Almeida, membro da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial, instituição ligada à Universidade de Coimbra, e um dos especialistas que assinaram os relatórios sobre os incêndios de junho e outubro no centro do país encomendados pelo Governo Português, é o coordenador do plano de prevenção de incêndios do Boom Festival.
Idanha-a-Nova é um concelho em que o risco de incêndio “é muito elevado”.
Nesta e noutras matérias, a organização do Boom Festival sempre cumpriu a legislação em vigor, indo além desta em muitas medidas.
No entanto, a expectativa de que este fosse um ano de seca, com condições meteorológicas instáveis como as que se fizeram sentir durante a época de incêndios do ano passado, levaram o Boom Festival a reforçar o plano, contando com a experiência de Miguel Almeida.
Além de intensificar a descontinuidade do combustível que o terreno da Boomland já naturalmente oferece, bem como implementar e/ou fortalecer medidas de prevenção, autoproteção e combate, eis as principais medidas que o plano, elaborado com a colaboração das entidades de segurança, proteção civil e saúde nacionais e locais, prevê.
Assim, na 12ª edição do Boom Festival, que se realizará durante a Lua Cheia de 22 a 29 de julho na margem direita da Albufeira de Idanha-a-Nova, existirão 750 extintores; 14 Elide Fire Balls para a rápida extinção do fogo em áreas confinadas; 16 bocas armadas de incêndio; pontos de acesso à água canalizada; uma equipa de sapadores internos, com duas viaturas 4×4 com material sapador e com capacidade para até 500 litros de água; quatro torres de iluminação amovíveis e uma retroescavadora.
“Acompanho festivais há anos e há práticas que têm de ser completamente abolidas. As cozinhas comunitárias são um exemplo, porque, na maioria dos casos, as pessoas cozinham junto às tendas em botijas de gás. Num estudo que coordenei sobre os riscos de incêndios em áreas de campismo, cheguei a ver pessoas a cozinhar nas próprias tendas ou autocaravanas. Ora, as gorduras acumulam-se tornando a propagação muito mais rápida. No Boom, estamos concentrados em criar uma descontinuidade dos materiais combustíveis para que, no caso de haver algum incêndio, este não se propague”, explica Miguel Almeida.
O plano de segurança prevê a evacuação do recinto, havendo para o efeito caminhos com uma largura mínima de 3,5 metros, por onde o público poderá deixar a Boomland a pé, podendo também haver a retirada seletiva (de pessoas com dificuldades respiratórias, por exemplo) pela barragem.
Para facilitar a evacuação do Car Parking e da Caravan Park, as viaturas serão estacionadas em posição de emergência (com a dianteira virada para as saídas), com o objetivo de se evitar confusões geradas pela necessidade de inversões de marcha.
No caso de haver obstáculos, entra em cena a retroescavadora, que poderá ainda ser usada para a extinção de chamas por abafamento ou para a ampliação de faixas de descontinuidade de combustíveis.
Existirão sempre elementos da organização – os quais estão a receber formação na área da segurança e cujos procedimentos serão testados em simulacros – distribuídos pelo recinto que poderão ser facilmente encontrados e contactados pelos boomers, os quais desencadearão o sistema de alarme em função da ocorrência.
Quanto aos restaurantes que, na confeção dos alimentos, usarão gás ou outras substâncias/equipamento, de forma a garantir que cumprem os requisitos locais serão alvo de fiscalização por parte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) na véspera do evento.
761 militares durante as operações
Segundo o major Luís Patrício, Chefe de Secção do Comando Territorial da GNR de Castelo Branco, estarão envolvidos nas operações nos dias que antecedem e durante o festival 761 militares.
Operações, essas, que já arrancaram no início desta semana e que estão a ser planeadas desde o início do ano.
“O Comando Territorial de Castelo Branco da Guarda Nacional Republicana garante o policiamento do evento Boom Festival 2018, entre o dia 16 e 29 de julho de 2018, no concelho de Idanha-a-Nova e áreas envolventes, a fim de assegurar a manutenção da ordem pública, a proteção de pessoas e bens e garantir a normal regularização do trânsito”, explica o oficial, que acrescenta: “A Operação tem sido coordenada através de reuniões e/ou contactos diretos com a organização do evento”.
Segurança no lago e hospital de campanha
Oito nadadores-salvadores distribuídos por dois turnos, alocados a quatro postos de vigia, procurarão garantir a segurança de todos os boomers que têm na Albufeira de Idanha-a-Nova o maior aliado para lidar com o calor intenso da região.
O Boom Festival terá ainda no local uma embarcação e duas motas de água enquanto os Bombeiros Voluntários de Idanha-a-Nova marcarão presença com uma embarcação tipo zebro.
Por sua vez, o Hospital de Campanha do Boom é formado por nove contentores com ar condicionado e com condições para a realização de vários tipos de atos médicos, essenciais a um evento com a duração de oito dias, numa das regiões mais quentes do país.
Cinco médicos, oito enfermeiros, dois fisioterapeutas, 28 tripulantes de ambulância e três administrativas compõem a equipa que assegurará o funcionamento do hospital, duas ambulâncias e três viaturas todo o terreno devidamente equipadas e dois postos médicos secundários/avançados.
De regresso aos 150 hectares da Boomland, o Boom Festival é um evento bienal de cultura independente e sustentável que, desde 1997, se realiza durante lua cheia de julho ou agosto, sendo uma referência internacional. Multidisciplinar, Transgeracional e intercultural, o Boom recebeu já inúmeros prémios internacionais na área da sustentabilidade ambiental.