MEO Arena Passou no teste.
Depois de meses de obras para melhorar a acústica da sala, o Meo Arena passou no teste do Super Bock Super Rock.
Ainda faltavam mais de seis horas para o concerto de Kendrick Lamar, mas as filas da frente do Meo Arena já estavam ocupadas por dezenas de fãs acampados, à espera da estrela norte-americana. Tendo em conta toda a riqueza sonora do espetáculo do rapper californiano, o dia de todas as enchentes no Super Rock era também o da prova dos nove para a nova acústica do Meo Arena, cuja primeira fase dos trabalhos ficou concluída precisamente pouco tempo antes do início do festival.
Logo na sexta-feira, durante o concerto dos The National, notaram-se as diferenças, especialmente para aqueles (e eram muitos) que cerca de dois anos antes aqui tinham estado, para assistir à última atuação da banda norte-americana nesta mesma sala, como um som, digamos, sofrível. "A primeira fase dos trabalhos está agora no fim e os resultados já são audíveis", comenta Felipa Nascimento, a diretora de marketing do Meo Arena, enquanto nos guia pelo recinto, a mostrar o que mudou.
O objetivo principal da intervenção passava por "diminuir o tempo de reverberação da sala", ou seja o tempo que o som "vive" ou se mantém dentro do pavilhão. O projeto estabelecia, para esta primeira fase, uma redução em cerca de 30 por cento. O que, segundo Felipa, "foi atingido e em algumas zonas mesmo superado, até porque quanto mais ampla for a sala, maior é o tempo de reverberação". Para isso ser conseguido foi instalada no perímetro da sala uma parede absorvente com duas características diferentes: "A camada de cima absorve as altas frequências e a de baixo as baixas, o que interfere diretamente com a redução do tempo reverberação médio na sala", explica esta responsável.
Nas paredes laterais do palco foram também instalados painéis absorventes de médias e altas frequências, para evitar os batimentos laterais para o palco provocados anteriormente pelo betão. Em cada uma das cadeiras das bancadas foi ainda colocado um pad absorvente, de forma a simular o público, equivalente a um terço de ocupação da sala. "Isto faz com que a diferença entre a sala vazia e cheia seja menor na hora de se fazer o sound check, que foi outro dos problemas com que os técnicos se depararam durante "os meses de diagnóstico" que antecederam os trabalhos, orçados em "centenas de milhares de euros". Concluída esta primeira fase, o passo seguinte passa por identificar, zona a zona, as melhorias a fazer, o que vai começar a acontecer já nas próximas semanas, estando a conclusão das obras prevista para o final do ano.
"O facto de cada concerto ter o seu género musical, bem como diferentes equipamentos e técnicos de som, provocará sempre alguma variação de espetáculo para espetáculo", avisa Felipa. Mas também esse fator irá ser minimizado, com a elaboração de um "manual do utilizador", para ajudar as diferentes equipas de produção a tirar o melhor partido da acústica da sala.