Agendado para o dia do feriado municipal, 04 de Julho, assim que os bilhetes para o concerto foram colocados à venda rapidamente esgotaram os 1400 lugares do auditório do Convento de São Francisco, fazendo com que para além do espectáculo das 17:00 também tenha sido agendado outro para as 22:00 igualmente esgotado.

Para os muitos fãs que já não foram a tempo de garantir o seu bilhete, a Câmara Municipal de Coimbra providenciou uma transmissão em directo dos concertos num ecrã de grandes dimensões instalado na renovada igreja do Convento de São Francisco.

Eram 22:15 quando se fez silêncio na sala para receber Mariza para um concerto que começou com uma viagem pelo fado tradicional e continuou com quadras soltas do poeta Fernando Pessoa, mostrando que o fado também é alegria.

A Coimbra, Mariza trouxe um alinhamento onde predominaram as músicas do seu último álbum, "Mundo", mas também revisitando outros temas incontornáveis da sua carreira tais como os muito aplaudidos "Chuva", "Ó gente da minha terra", "Rosa Branca" ou "O tempo não pára".

Após um interregno de cinco anos, a fadista que Moçambique viu nascer e a Mouraria viu crescer, gravou o álbum "Mundo" que já lhe valeu o prémio de melhor artista atribuído pela revista britânica Songlines.

Editado a 09 de Outubro do ano passado, este último trabalho é um convite ao público para conhecer melhor o seu universo de viagens pelo mundo e a forma como evoluiu e se transformou nestes quinze anos de carreira.

"Sem ti" uma letra oferecida por Miguel Gameiro, "Padoce de céu azul" com perfume a Cabo Verde uma morna antiga que o Tito Paris já cantou, "Adeus" do poeta madeirense Cabral do Nascimento musicado pelo guitarrista Pedro Joia são alguns dos temas do alinhamento de "Mundo" que é também uma dádiva de letras que os amigos lhe ofereceram e que se ouviram nesta noite em Coimbra.

Do novo álbum e do alinhamento deste concerto fizeram também parte os temas "Alma", "Missangas" e "O melhor de mim".

Na recta final do espectáculo a Mariza e aos músicos que a acompanhavam, Pedro Joia na guitarra acústica, José Manuel Neto na guitarra portuguesa, na bateria Vicky Marques e no baixo Yami Aloeleta, juntou-se a Orquestra Clássica do Centro convidada especial destes dois concertos do dia da cidade no ano em que se comemoram os 500 anos de beatificação da Rainha Santa.

Com a família da Mariza na plateia, este foi um concerto emotivo em que a fadista apresentou à sala o filho Martim que apesar da tenra idade já mostra àvontade com o público e diz que quer ser baterista.

O público que inicialmente se mostrou tímido tardando em responder aos desafios da fadista, foi-se revelando mais participativo à medida que o concerto se aproximava do fim, terminando com a plateia a cantar e a aplaudir de pé a actuação de Mariza e da Orquestra Clássica do Centro.

In: Hardmúsica