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Filarmónica Recreativa Cortense

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Cortes do Meio, Concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

69 discos de Maria Callas, remasterizados em Abbey Road, disponiveis em Setembro

69 discos de Maria Callas, remasterizados em Abbey Road, disponiveis em Setembro

A soprano Maria Callas poderá ser ouvida com qualidade jamais registrada devida à remasterização da sua obra, realizada pelos técnicos de som do estúdio Abbey Road, em Londres.

A caixa com 69 discos das gravações originais de estúdio de Callas será colocada à venda a 23 de Setembro, após um minucioso trabalho de remasterização com tecnologia de ponta que levou mais de um ano.

"A intenção era deixar tudo como estava, pois são peças históricas. O trabalho foi como restaurar uma pintura antiga, revelar as cores originais, sem alterar nada", disse à agência EFE o especialista em remasterização Andy Walter no estúdio Abbey Road, o mesmo onde os Beatles gravaram nos anos 1960.

De um pequeno estúdio, equipado com grandes computadores onde a música pode literalmente ser vista, além de ouvida, os engenheiros tiveram a árdua tarefa de polir a obra de Callas.

Segundo Walter, em algumas gravações era possível escutar o barulho das "vespas" italianas que passavam pelo Scala de Milão enquanto a soprano cantava, mas esse som não podia ser ouvido nas gravações da época por falta de tecnologia.

A colecção, que será lançada, contém toda a produção gravada pela soprano entre 1949 e 1969, e um livro com a sua biografia, algumas fotografias inéditas e cartas.

Walter admitiu que o começo do trabalho foi "detectivesco", já que foram aos arquivos para ver as notas porque queriam ser "fiéis ao trabalho original". O objectivo, segundo os técnicos, era obter uma obra de 'alta definição e clareza', após limpar o som e retirar muitos erros técnicos.

"Com a nova tecnologia, podemos escutar coisas que os técnicos da época não notavam", explicou Walter.

A música remasterizada contém gravações feitas em estúdio por Callas para a EMI/Columbia e para a italiana Cetra entre 1949 e 1969, no seu auge artístico.

Apesar de ter morrido em Setembro de 1977, Callas, cujas gravações pertencem actualmente à Warner Classics, é uma figura adorada pelos amantes da ópera, devido à potência e a versatilidade da sua voz e o seu carisma no palco.

De seu nome verdadeiro, Cecilia Sophia Anna Maria Kalogeropoulou, nasceu em Nova Iorque numa família de origem grega a 02 de Dezembro de 1923, a sua paixão pela música levou-a até Atenas, onde estudou com Elvira de Hidalgo, que tinha cantado com Enrico Caruso.

Mas o seu salto em nível internacional foi em 1947, quando cantou "La Gioconda" na Arena de Verona, na Itália.

Apesar de ter dado os seus primeiros passos com personagens como Gioconda, Turandot e Isolda, as interpretações mais famosas foram de Amina na Sonâmbula, de Vicenzo Bellini; Violeta em La Traviata, de Giuseppe Verdi, e Floria na Tosca de Giacomo Puccini.

O seu auge foi no início da década de 50, quando cantou nos teatros de ópera italianos mais prestigiados, como no La Scala, e também na Royal Opera House de Londres e na Metropolitan Opera de Nova Iorque. Callas foi também aclamada pela Opera de Paris, pela State Opera de Viena e pelos teatros de Chicago e Dallas, nos Estados Unidos.

A carreira da cantora começou a desfazer-se quando conheceu o magnata grego Aristoteles Onassis, com quem teve um longo e tumultuado relacionamento. Também por causa da idade e da menor disciplina, começou a perder potência vocal, apesar de ter mantido intacta a sua densidade interpretativa.

Sua última apresentação aconteceu em 1965 e teve um triste desfecho: ela não conseguiu terminá-la e chegou a desmaiar no fim do terceiro ato.