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Filarmónica Recreativa Cortense

Filarmónica Recreativa Cortense

Cortes do Meio, Concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

Faleceu o nosso "Ti Zé do Bombo", Sr. José Marque das Neves.

É com consternação e tristeza que anunciamos a partida, no dia de ontem, 28 de janeiro, de um MÚSICO de corpo e alma que dedicou grande parte da sua vida (mais de 50 ANOS) à causa filarmónica.

Os músicos mais novos já não tiveram a portunidade de conviver mais proximamente com ele, mas os mais velhos sabem bem a dedicação e o carinho que este músico tinha pela Filarmónica Recreativa Cortense.

Que Descanse em Paz e Santa Cecília o acarinhe.

Os Pêsames à família.

A missa de corpo presente é celebrada hoje, quarta feira, às 11h00, em Cortes do Meio.

 

Deixamos uma entrevista realizada ao "Ti Zé do Bombo" (nome pelo qual era carinhosamente tratado pelos músicos cortenses), transcrita d' A Clave - Jornal da Filarmónica Recreativa Cortense, publicação de setembro de 2008.

 

Entrevista a: José Marques das Neves

Nome completo e idade?

José Marques das Neves, 84 anos

Lembra-se com que idade entrou para a banda filarmónica?

Sim, foi com mais ou menos 25 anos, isto em 1949.

Neste momento já não se encontra em actividade na banda, mas a dedicação ao longo destes 52 anos, fazem de você um filarmónico exemplar. Quais as boas recordações que guarda deste tempo todo?

Todos os momentos foram bons por causa da boa camaradagem, a banda era muito unida, havia semanas completas de ensaios, e os números saiam em uma semana. Começava-se à segunda e pelo fim-de-semana, já tínhamos o número pronto para a rua, pois porque também, toda a gente ia de boa vontade ao ensaio. Há muitas recordações mas em geral era tudo bom e corria sempre tudo bem, sem nunca ter havido grandes discussões. Mesmo pelos caminhos mais velhos e estragados, reinava sempre a boa disposição, mesmo até, quando íamos a pé para o Ferro, e no regresso até orquestra fazíamos.

Quando entrou, a banda já era uma verdadeira escola, como funcionava na altura? Havia muito rigor/disciplina?

Toda a gente andava de vontade e como tal, cumpriam, não havia escola como agora, mas conseguíamos aprender na mesma. O “Zé Quintela” era rigoroso, até mesmo, muito teimoso. Era capaz de perder um ensaio inteiro para ensinar um só músico. Tinha muita paciência, mas por vezes também se arreliava. Lembro-me que não havia mulheres, todos eram muito educados e no total éramos 24 elementos.

Hoje em dia como se sente quando vê a sua querida filarmónica desfilar pelas ruas da nossa aldeia?

Para mim a Banda é a melhor coisa que tem a freguesia. Acima de tudo, sinto muitas saudades.

Quais os motivos que o levaram a sair?

A idade já pesava e a minha saúde não era a melhor, por esses motivos e, também porque já me era difícil caminhar, resolvi sair.

Tem algum episódio especial que queira contar?

Tantas traquinices quando vínhamos do Barco e Ferro à noite… Uma vez no Telhado fomos lá fazer uma festa, e o pároco meteu-se nos copos e começou a variar e a fazer um espectáculo não muito bonito de se ouvir e ver, foi para casa curar a bebedeira enquanto nós lá nos entretemos sem sabermos ao certo que fazer. Só quando lhe passou a bebedeira, já assim para a tardinha, é que queria que tocássemos. Acabamos por vir para casa sem nos pagarem 170$00.

E desejos? Quais são?

As maiores felicidades do mundo para a nossa banda, que dure muitos e bons anos, ou seja, que nunca acabe.