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Filarmónica Recreativa Cortense

Filarmónica Recreativa Cortense

Cortes do Meio, Concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

Gabriela Canavilhas (Min. da Cultura) defende ensino artístico aos 6 anos e crítica ensino vocacionado.

A ministra da Cultura defendeu o ensino artístico logo aos seis anos, quando a maioria dos jovens só tem essa abordagem aos 10 ou 12 anos, e referiu que o ensino vocacionado está descaracterizado.
Gabriela Canavilhas falava no ciclo de conferências “Educação Artística no século XXI”, promovido pelo Clube UNESCO, cuja temática versou sobre a criação de públicos, que teve lugar no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa.

“Importa ter especialmente em conta a importância de medidas a nível do ensino básico. Mais do que uma questão de tempos lectivos ou de currículos, a valorização da educação artística no nível básico implica o reforço do estatuto das disciplinas artísticas, de modo a garantir o seu contributo para a formação global do aluno e o seu justo reconhecimento enquanto disciplinas estruturantes do ser humano”, afirmou.

A governante salientou “as vantagens de que beneficiam as crianças (…) que resultam do ensino musical”.
“A maioria dos bons estudantes de música são bons estudantes no ensino geral, particularmente na matemática”, sentenciou.
Referindo-se ao ensino vocacional artístico, segunda etapa da evolução da aprendizagem destinada a “alunos com aptidões ou talentos específicos”, Canavilhas afirmou que se tem assistido à “descaracterização das escolas vocacionais”.

Verifica-se, disse a ministra, “que o problema da definição dos objectivos de cada uma [das escolas profissionais] subsiste, isto é, as escolas que herdaram o legado dos antigos conservatórios e que têm servido de modelo para todas as outras espalhadas pelo país, formam instrumentistas que, na sua maioria, não irão exercer actividade como instrumentistas mas sim irão ser professores de outros instrumentistas”.

Neste sentido – prosseguiu –, “a geração seguinte irá fazer exactamente o mesmo trajecto e assim sucessivamente, correndo-se o risco de se ir perdendo, em cada geração, a capacidade de transmissão para a geração seguinte, da essência do músico - a excelência da performance, o enriquecimento que advém da vivência do palco e da partilha musical”.

“O ensino vocacional tem estado assim a ser utilizado como substituto do ensino genérico, o que o descaracteriza e lhe provoca problemas graves na obtenção de sucesso nos seus objectivos profissionalizantes”, declarou.

“A ocupação de tempos livres, a aprendizagem lúdica de um instrumento, o enriquecimento cultural como complemento educacional tem sido o principal objectivo de muitos dos utilizadores do ensino vocacional - comprometendo assim o objectivo profissionalizante”, acrescentou.

A ministra, que recordou conhecer na prática o ensino artístico profissional, chamou à atenção para “as dificuldades sentidas pelos pais e alunos, especialmente nos grandes meios urbanos, derivadas da necessidade de articulação de horários, de trajectos entre as escolas, de libertação de tempo para as práticas artísticas”.

Neste sentido, entende a governante que se deve “equacionar cada vez mais a criação de projectos supra-instituições, de âmbito transversal, que permitissem uma melhor coordenação de meios e de esforços individuais”.
Para Gabriela Canavilhas, “importa promover a participação dos artistas, paralelamente à dos professores, nas estratégias de ensino ao nível do ensino básico e secundário, uma vez que se considera que as questões relacionadas com a educação artística devem ser assumidas pela sociedade em geral”.

São, no entender da ministra da Cultura, “cada vez mais indispensáveis” os projectos educativos das instituições culturais, tendo citado os da Fundação Gulbenkian, da Casa da Música (2001), da Orquestra Metropolitana de Lisboa e do Centro de Pedagogia do Centro Cultural de Belém, entre outros. In: Hardmúsica