Hoje estamos no Barco (Covilhã) na Festa de S. Sebastião.
BARCO
Orago: São Simão
População: 573 habitantes
Actividades económicas: Comércio, indústria, agricultura e construção civil
Feiras: Mensal (último Sábado de cada mês)
Festas e Romarias: São Simão (28 de Outubro), São Sebastião (4º Domingo de Agosto) - na qual iremos participar, São João (23 de Junho), Nossa Senhora de Fátima (30 de Maio), Festival de Ranchos Folclóricos
Património cultural e edificado: Igreja matriz, fonte romana, alminhas, centro social
Outros locais de interesse turístico: Praia fluvial no rio Zêzere, zona de lazer com piscina, Ruínas de um acampamento romano (Minas da Argemela), lagar de azeite,, paisagem natural - Rio Zêzere,
Gastronomia: Borelhões, enchidos, peixe do rio e javali
Artesanato: Pinturas e mantas de Orelos
Colectividades: ARPAZ - Associação Regional de Solidariedade e Progresso do Alto Zêzere, Sport Clube do Barco, Sociedade de Recreio e Folclore de S. Sebastião, Clube de Caça e Pesca do rio Zêzere e Associação Cultural e Recreativa do Barco, Rancho Folclórico do Barco.
A freguesia do Barco situa-se a 20 quilómetros da sede do concelho, ocupando uma área de 10,98 Km2, encaixada entre a Serra da Estrela e a Serra da Gardunha, junto ao rio Zêzere, no extremo sudeste de Castelo Branco e no seu limite com o concelho de Fundão.
Aqui existe vida humana desde, pelo menos, a época romana. No monte de Argemela, separado da povoação pelo rio Zêzere, encontram-se restos de três muros, que terão pertencido a um acampamento romano. Segundo a tradição, este acampamento teria sido construído por um proconsul romano para defesa contra o Viriato. Aqui foi explorado volfrâmio e estanho, até há alguns anos atrás, mas a sua extracção está, agora, paralisada. Além da riqueza mineral deste subsolo, é de acrescentar a riqueza em recursos hídricos (já que por aqui passa o Zêzere), o que facilitava sobremaneira a vida das populações.
O próprio nome do monte, Argemela, parece ser de origem germânica, um genitivo do nome pessoal Argemira. Novamente a lenda entra em acção e refere uma outra origem para este nome, contada por Pinho Leal no "Portugal Antigo e Moderno". Repare-se que o próprio Pinho Leal encontra uma outra explicação: "É curiosa a tradição sobre a etymologia do nome d'este monte. Diz ella que uma lusitana cahida em poder dos romanos, na véspera do seu casamento, foi levada ao dito castro e ahi a quiseram obrigar a declarar a guarida do seu desposado, ao que ella heroicamente se recusou, sendo por isso queimada. Por muitos annos se ouviram gemidos que pareciam vir do monte, e os que ouviam, diziam: "No ar geme ella!". E lá ficou ao tal pico o nome de Argemella.
Sem querer destruir esta romântica tradição, estou persuadido que o nome d'este monte é corrupção da palavra árabe aljobeila, que é diminutivo de jabalon, que significa monte, vindo a ser montinho.
Posto que a subida a este pico seja custosa, pela escabrosidade do terreno, fica bem compensado da fadiga, o viajante que attingir o seu cume, pela vasta e deliciosa vista que d'alli disfructa. D'este ponto se descobrem campos, mattos, serras e várias povoações da pittoresca Cova da Beira, que d'aqui se vê em toda a sua extensão".
Quanto ao topónimo principal da freguesia, Barco, deve estar relacionado com a passagem por aqui de uma embarcação, em tempos recuados, e que ligava as duas margens do Zêzere. Mais importante esta barca se tornava quando é certo que a maioria dos terrenos aráveis da povoação se localizavam na margem contrária. É a única freguesia do centro e sul do país com este nome. No norte, existem "seis barcos", uma freguesia (em Guimarães) e cinco lugares (nos concelhos de Barcelos, Penafiel, Peso da Régua, Ponte de Lima e Resende).
As Inquirições de 1288 não mencionam a freguesia, embora se saiba que nessa altura ela já existia, integralmente foreira do rei. Em termos administrativos, pertenceu sempre ao termo da Covilhã. O seu território, que é hoje de 1316 hectares, mereceu até aos finais do século passado algumas dúvidas. Apenas em 4 de Outubro de 1894 aquelas foram dissipadas, com um decreto real a estabelecer os limites entre esta freguesia e a de Peso. Entre 1872 e 1984, teve anexo o lugar de Coutada, que nesta data se constituiu em freguesia (também deste concelho).
Paroquialmente, Barco foi erecta apenas por volta do século XV, e ao que parece desmembrada do priorado de S. Silvestre da Covilhã. Este prior apresentava o cura de Barco. Este tinha de rendimento anual quinze mil réis e o pé-de-altar. Passou posteriormente a vigararia. No entanto, ainda antes da instituição da freguesia, já existia aqui uma pequena ermida, dedicada a São Simão, e que a partir daí se tornou a matriz de uma paróquia que adoptou também São Simão como seu padroeiro.
Aliás, até ao século XIX a freguesia foi conhecida como São Simão, passando a ser Barco o nome mais conhecido a partir daí. São Simão, o padroeiro no qual confiam milhares de pessoas ao longo de gerações, é festejado no calendário litúrgico da Igreja Católica a 28 de Outubro. Apóstolo, é geralmente associado a S. Judas Tadeu. Terá sido martirizado, depois de uma vida dedicada ao apostolado, da mesma forma que o profeta Isaías: serrado ao meio. Daí o facto de o seu atributo ser uma serra.
É de notar um crescimento populacional notável a partir de meados do século XIX. O crescimento durou praticamente um século, de 1860 a 1950. Nesta última data, iniciou-se o processo inverso, com o fenómeno migratório que levou milhares e milhares de pessoas para o estrangeiro. O mesmo aconteceu com Barco, que até hoje não se recompôs. Em 1950, viviam aqui cerca de 1800 pessoas. Actualmente, esse número não ultrapassa o milhar.
A agricultura é uma das principais actividades da população de Barco. Os terrenos da freguesia são férteis e produzem essencialmente milho, feijão, azeite e centeio. A indústria e o comércio estão também em crescimento, servindo com agrado as necessidades básicas da população.