Hoje estamos em Peraboa - Festa do Santíssimo Sacramento.
A FRC está hoje nesta localidade para participar activamente na Festa do Santíssimo Sacramento.
Peraboa é uma Freguesia Portuguesa do concelho da Covilhã, com 30,60 km² de área e 1 072 habitantes (2001) que se traduz numa densidade populacional de 35,0 hab/km².
Orago: Nossa Senhora da Conceição
Actividades económicas: Agricultura, pecuária, lanifícios, serralharia, carpintaria, marcenaria, panificação, lagar de azeite, fábrica de lacticínios (queijos) e pequeno comércio
Feiras: Mensal (1ª sexta-feira de cada mês)
Festas e romarias: Santíssimo Sacramento (3º Domingo de Maio) e festa do Divino Espírito Santo (Agosto)
Património cultural e edificado: Igreja matriz, capela de Nossa Senhora das Preces, capela do Divino Espírito Santo, capela das Castanheiras, fonte velha, casa paroquial, nichos e quintas do Pereiro, do Arçada, da Ribeira, do Brejo e da França
Artesanato: Latoaria e houve em tempos cortimentos de peles
Colectividades: Associação Cultural e Recreativa de Peraboa, Rancho Infantil Os Perinhas de Peraboa e Centro Social Divino Espírito santo
A dezasseis quilómetros da sede do concelho, a freguesia de Peraboa encontra-se na margem esquerda do rio Zêzere. É composta pelos lugares de Castanheira de Baixo, Castanheira de Cima, Lomba do Freixo, Peraboa, Quintas da França e Quintas da Serra.
A freguesia foi um priorado da apresentação do cabido da Sé da Guarda. Aliás, a Sé da Guarda, pode-se dizer, que esteve na génese da criação de Peraboa. É que os primeiros artistas que, na povoação, partiram pedra e trabalharam para a construção daquela catedral, foram os mesmos que se responsabilizaram pela edificação das primeiras habitações de Peraboa. Assim, começou a desenvolver-se a terra cujo povoamento tinha começado muito antes.
Ou seja, durante o período neolítico. Deste, foram achados alguns vestígios arqueológicos, que comprovam de forma efectiva as afirmações produzidas.
Em relação à toponímia e segundo um licenciado em história ligado a Peraboa será Pera - pedra antiga, milenária e Boa - pedra sagrada, e virá da presença na região dum dólmen ou anta que dá o nome à Quinta da Anta. Pelo que o nome Peraboa virá de pedra antiga sagrada. A versão popular, no entanto, é bem diferente deste. Na crença do povo, Peraboa provém da pedra boa, a tal que foi utilizada na Guarda. Outra opinião, mas de Alexandre Carvalho Costa, estudioso deste fenómeno, aponta o fruto - as pêras - como estando na base do nome que foi dado à freguesia.
Quanto aos outros lugares de Peraboa, é evidente o sentido vegetal de grande parte delas, Castanheira é óbvio, Lomba do Freixo tem a ver com um acidente orográfico do terreno de Peraboa, Freixo com a respectiva planta, Quintas da Serra tão óbvia como a primeira.
Ficou tristemente famosa, em Peraboa, uma terrível tempestade que aqui ocorreu na segunda metade do século passado. Os mais velhos, que hoje já não estão cá para contar o que viram, transmitiram ainda, durante várias gerações, os tremendos acontecimentos daquela época.
À falta de depoimentos directos, recorremos a Pinho Leal, que na obra "Portugal Antiga e Moderna" conta em pormenor como tudo aconteceu: "No dia 24 de Agosto de 1869, pelas duas e meia horas da tarde, passou sobre esta freguezia e a de Caria, uma furiosíssima e medonha trovoada, que aterrou todas as povoações circunvizinhas.
Foi um verdadeiro cyclone terrestre. Tomou depois a direcção da serra da Estrella, passando sobre a Covilhan, deixando atraz de si a desolação e a ruina.
Na frente d'aquella negra e immensa aglomeração de nuvens, grandes bandos de pássaros, acossados pela tempestade, fugiam espavoridos, em columnas cerradas. As casas tremiam desde os alicerces; a chuva de pedra, impellida pelo vento, derrotou vinhas, pomares, searas, olivaes, hortas, arvoredos, etc., causando prejuízos de muitos contos de réis, e deixando muitas famílias reduzidas à miséria.
Quasi todos os vidros das janellas foram esmigalhados, pois que a saraiva era do tamanho de ameixas, chegando, na sua maior parte, a passar cinco oitavas cada pedra.
O Zêzere cresceu repentinamente, e na fúria da sua impetuosa corrente, arrebatou noras, gados, e searas de milho e legume, sem deixar vestígios de sementeira. As pombas e outras aves, que andavam no ar, cahiam como fulminadas.
Em Peraboa, um redemoinho de vento arrebatou um homem, levantando-o, e arremessando-o a 100 metros de distancia, sem que, como tudo, elle sofresse outro incomodo, alem do susto".
Em termos de património, que ao que parece não foi afectado por tamanha tempestade, refere-se em primeiro lugar a capela dedicada a Nossa Senhora das Preces. Totalmente talhada em cantaria, foi oferecida à paróquia pelos seus primitivos proprietários, os Duques de Lafões. Quanto à igreja matriz, é grande e de imponente prospecto exterior. Construída na época dos Filipes (finais do século XVII/inícios do século XVIII), tem um altar-mor em talha riquíssima e dois retábulos em pedra. Encima a porta principal uma imagem da Senhora do Cabeço, à volta da qual circula uma curiosa lenda. Este templo sofreu obras de beneficiação há cerca de 30 anos, e mais recentemente no fim do ano de 1997.
Actualmente, os habitantes que vivem na freguesia, quase toda a população activa trabalha fora, na Covilhã e outras localidades mais próximas.
Na agricultura, só os grandes lavradores ou então lavradores idosos que tratam os seus próprios terrenos. No que respeita às culturas produzidas, destaca-se a vinha e o azeite, na pecuária, o gado ovino e bovino. A indústria vai crescendo, com diversificação, e o comércio serve como pode a sua população.
Peraboa assume-se, assim, como uma terra de prosperidade, a prova é o seguinte excerto de uma determinada homenagem à terra num jornal local recente: "Peraboa é uma aldeia ignorada por muitos, mas amada por todos os seus filhos, que poderá ser próspera e risonha, se todos se unirem numa só fraternidade".