Manifesto em prol da Cultura
Intitulado "Uma cultura para o século XXI" o texto está colocado em http://umaculturaparaoseculoxxi.blogspot.com/ e nele pode ler-se que "a única tentativa" de excepção a esta desatenção governamental "ocorreu entre 1995 e 2000", correspondendo ao Governo liderado pelo socialista António Guterres.
"A atenção dispensada ao sector da cultura pela agenda política e governamental tem-se em geral caracterizado, desde o 25 de Abril de 1974, pelo menosprezo e pela inconsistência, apesar dos imperativos claramente expressos na Constituição", lê-se no primeiro parágrafo do manifesto.
"Ao longo dos últimos 35 anos, dificilmente se conseguirá identificar um programa de actuação planeado, coerente e capaz de dignificar a cultura portuguesa de acordo com um projecto claro e sustentado", apontam os subscritores, entre eles Alberto Seixas Santos e João Fiadeiro. A única tentativa de o levar a cabo de forma consequente ocorreu entre os anos de 1995 e 2000, sendo ainda hoje a solitária excepção à regra", afirma o manifesto. Durante estes cinco estiveram à frente da pasta da Cultura, sucessivamente, Manuel Maria Carrilho, José Sasportes e Augusto Santos Silva.
No documento estruturado em 17 pontos, os signatários "desafiam" os partidos políticos a apresentarem no próximo acto eleitoral "propostas claras" sobre os diferentes temas da área cultural citados pelo manifesto. Uma das críticas apresentada é o facto de o Conselho nacional de Cultural não se ter voltado a reunir desde 2000. Defende o manifesto que é "urgente que seja considerado um imperativo nacional, naturalmente trans-partidário, que a Cultura tenha no seu Ministério o exemplo da sua indiscutível dignidade".
"É exigível que se redefina e se dê finalmente conteúdo a uma verdadeira Política Cultural, que se estabeleçam objectivos, clarifiquem funções, assumam responsabilidades e metas", lê-se no documento.
Para os subscritores, entre eles Beatriz Batarda, Ana Maria Pereirinha e Ana Tostões, é necessário que "o discurso politico (…) estanque o cíclico uso e abuso de 'novidades' e de 'anúncios' que apenas desresponsabilizam em relação à necessária maturação dos meios de produção, de criação, de circulação e de consumo culturais".