Governo pretende "reavaliar o papel do Estado na vida cultural"
O governo quer rever "o papel do Estado na vida cultural" e promete ter pronta dentro de três meses uma nova lei orgânica, que prevê uma reestruturação dos organismos de Cultura dependentes do Estado.O programa de governo já divulgado dá conta, na área da Cultura, que um dos objetivos estratégicos é "reavaliar o papel do Estado na vida cultural", enfatizando a autossustentabilidade do setor.
A tutela, que passa de Ministério da Cultura para Secretaria de Estado, dirigida por Francisco José Viegas, sublinha que "o Estado não é um produtor de Cultura" e que é necessária uma "definição do papel e das funções" da nova estrutura.
Como já tinha ficado claro no fórum Mais Sociedade – em que o debate sobre cultura foi coordenador pelo agora secretário de Estado, Francisco José Viegas – para o atual Governo, cultura e economia são inseparáveis.
No Programa do Governo, reconhece-se "o valor económico do setor criativo e cultural, inovador por excelência, constituindo o trabalho dos criadores um fator fundamental para a definição da identidade contemporânea de Portugal".
Como tal, é proposta a criação de um "Livro Branco da Cultura" para as cinco regiões plano do continente, porque existe um "desajustamento entre a quantidade de equipamentos culturais disponíveis e a sua sustentabilidade".
A intenção é "reunir toda a informação disponível sobre a agenda cultural nacional".
Por outro lado o governo quer "reorganização e simplificação das estruturas da Secretaria de Estado da Cultura".
"No âmbito da nova lei orgânica proceder-se-á à reestruturação necessária tanto dos organismos uintegrados na administração direta do Estado, quanto daqueles sob sua administração indireta", lê-se no documento.
Genericamente, o programa do governo para a Cultura prevê, na área do livro e da Língua Portuguesa, a conclusão da Rede Nacional de Bibliotecas, a reativação da Rede do Conhecimento - associada aquela rede - a manutenção, com revisão, do Plano Nacional de Leitura, e a adoção do Acordo Ortográfico.
Ainda nesta matéria, o executivo quer criar bibliotecas da Língua e da Cultura Portuguesa nos países e comunidades onde se fala português.
É proposto ainda um Estatuto dos Profissionais das Artes, em parceria com outros setores, como a Economia e a Segurança Social, e a recuperação do prestígio artístico dos teatros nacionais, embora seja omisso especificamente em relação ao Opart - Organismo de Produção Artística, que gere o Teatro Nacional de são Carlos e a Companhia Nacional de Bailado.
Até ao final do ano estará pronta uma nova lei do cinema e uma nova lei da cópia privada.