Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Filarmónica Recreativa Cortense

Filarmónica Recreativa Cortense

Cortes do Meio, Concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

Orquestra Jovem da União Europeia já não vai acabar

Apesar de patrocinar a orquestra desde a sua fundação, a Comissão europeia deixou de financiá-la. Agora voltou atrás, depois de um coro de duras críticas.

Depois de meses de incerteza, e de ter chegado a anunciar, há duas semanas, que ia cessar a sua atividade a partir de setembro, por falta de financiamento, a Orquestra Jovem da União Europeia (EUYO) vai afinal continuar, para já, por mais dois anos. Depois de um coro generalizado de críticas, a Comissão Europeia anunciou em comunicado que "encontrou soluções" para o problema.

A questão surgiu depois de a própria Comissão, patrona oficial da orquestra desde a sua fundação, em 1976, ter alterado as regras de financiamento para área da cultura comum que, desde o ano passado passou a contemplar exclusivamente projetos, e não instituições. Isso deixou de fora a orquestra, que nestas quatro décadas, tem personificado o melhor do espírito e da construção europeus, como reconhece a própria comissão.

Reunindo, temporada após temporada, alguns dos melhores jovens músicos e instrumentas com menos de 26 anos dos 28 países da UE, a EUYO começou por ser dirigida pelo maestro Claudio Abbado e, ao longo destas quatro décadas, tocou sob a batuta de alguns dos mais prestigiados maestros do mundo, como Herbert von Karajan, Zubin Mehta, Daniel Baremboim ou Leonard Bernstein. Vasily Petrenko é atualmente o maestro titular da orquestra, pela qual já passaram mais de três mil jovens músicos de todos os países da UE.

Face à situação provocada pelas burocracias de Bruxelas, os responsáveis da EUYO, incluindo o seu maestro titular, alertaram os líderes europeus e a própria comissão o para o estrangulamento financeiro que ditava o fim de um dos ícones de excelência da própria UE, mas foi preciso que a orquestra lançasse a campanha pública #SaveEUYO, com concertos em dezenas de cidades europeias e protestos de inúmeras instituições e personalidades da cultura europeia para que alguma coisa acontecesse.

Uma das vozes que levantou publicamente contra o fim da orquestra foi a do amestro Riccardo Muti, que afirmou que "toda a supressão de uma orquestra, sobretudo das formadas por jovens, representa um acto contra a sociedade civil", como escreve o El País. Os responsáveis da Orquestra Filarmónica de Berlim também criticaram a situação, classificando-a como "uma catástrofe político-cultural dificilmente superável num contexto de crescente nacionalismo e antieuropeísta".

Bruxelas reagiu então, finalmente, e, ontem, em comunicado, anunciou uma solução de curto prazo, que se traduzirá num subsídio de 600 mil euros para este ano. Para 2017, o Parlamento Europeu propõe um projecto-piloto para garantir o financiamento da orquestra que, a longo prazo "é convidada a procurar outras fontes de financiamento adicionais", como se lê no comunicado da Comissão.